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         A liturgia deste 17º domingo do Tempo Comum nos convida a refletir sobre nossas prioridades, valores sobre os quais fundamos à vida e se estamos seguindo o que Jesus propõe .

         A primeira leitura apresenta o exemplo de Salomão, modelo de homem sábio, que consegue ver o que é importante e não se deixa levar por coisinhas.

O Rei Salomão organizou o país, encheu de grandes construções, sendo a maior o Templo de Jerusalém.

– Fortaleceu as cidades;

–  favoreceu a troca comercial com países;

–  contratou sábios estrangeiros;

–  rodeou-se de homens sábios e prudentes.

         A equipe de governo tornou-se um viveiro de sabedoria.

É a este que Deus lhe diz: pedes o que desejas que eu te darei. Ele pede sabedoria para governar com justiça e Deus o concede. Salomão sabia que a autoridade é um serviço que precisa ser administrado com sabedoria.

Salomão não pede nem riqueza e nem glória. Ele é o exemplo do homem que sabe o que é importante na vida.

Mas o que você pediria a Deus, se ele lhe aparecesse?

Numa reflexão feita com um grupo de jovens, adultos e idosos, foi perguntado o que pediriam a um gênio. A resposta era individual e por escrito.

Os jovens: namoro, sucesso, dinheiro, carro, vida boa…

Os adultos: saúde, aumento salarial, ganhar na Sena.

Os idosos: saúde, dinheiro para remédios e presença da família.

         É nesse tipo de coisas que milhares de pessoas vêem o sentido da vida. Bem diferente dos pedidos do jovem Salomão.

Colocar o sentido da vida nas coisas externas é um risco muito grande. Prova disso foi a crise financeira que o mundo passou há algum tempo atrás e no Brasil ainda passa.

Quando a economia entrou em crise, as pessoas começaram a ter crises: raiva, pânico, medo, decepção e depressão.

O medo do presente e do futuro entrou como um furacão na vida de muita gente, levando alguns, inclusive, ao suicídio.

Quanto mais se valoriza o exterior, maior o vazio interior.

Para o mundo de hoje, o importante é ter muito dinheiro, dólar, fazendas, ter, ter, ter.  Salomão nos ensina ser sábio, justo, prudente, o resto vem por acréscimo.

         A segunda leitura propõe seguir o caminho proposto por Jesus. Deus nos oferece de graça as condições para sermos salvos, mas é o Espírito Santo que permite ao homem acolher a graça de Deus.

Os que acolhem o Espírito Santo, Deus os liberta do egoísmo e pecado, e faz com Jesus chegar à vitória.

São Paulo fala que Deus chamou e justificou, não significa que a salvação é só de um grupo escolhido, mas é para todos os que aceitam o plano de Deus como fez Salomão.

Hoje há muita indiferença diante de Deus, como se Ele não existisse.

São Paulo mostra que Deus nos ama e vem continuamente ao nosso encontro. A escolha e o desafio de aceitar é nosso.

         O Evangelho nos convida a fazer do Reino de Deus, tesouro, a escolha mais importante na vida.

A mensagem é dirigida ao povo nos anos 80, depois de Cristo. Estavam desanimados e previam tempos difíceis. Daí a razão das parábolas .

A parábola de Jesus propõe outro pedido importante: a graça de ter sentido na vida.

Jesus diz que o sentido da vida está no Reino dos Céus e quem achar, encontra um verdadeiro tesouro, uma pérola preciosa pela qual vale a pena vender tudo o que se tem.

Ser discípulo do Reino é entrar no caminho da sabedoria, é assumir o papel de um pai de família que, na experiência de seu tesouro, sabe escolher o que é novo e descartar o que é velho e sem utilidade para a vida.

Conhecemos muitas pessoas que vivem por viver, sem sentido algum, sem saber porque, vida sem graça, sem cor e sem música. Vida depressiva, triste, enjoada e chata.

Pessoas assim, só reclamam da vida; reclamam de tudo, porque nada está bom.

De fato, quem vive desanimado, sem sentido, não pode ver nada de bom na sua vida. A vida delas é pintada de cor cinzenta, como céu pronto a desabar em tempestade.

É para todos nós que Jesus conta a parábola que ouvimos, mas principalmente para esse tipo de gente, que perdeu o sentido e a alegria de viver.

As duas primeiras comparações do Reino dos Céus,  (tesouro no campo e pérola preciosa) referem-se ao seu valor.

A terceira (rede lançada ao mar e cestos cheios) falam de escolhas, de jogar fora o que não presta e ficar somente com o que é bom.

Quem encontra o tesouro ,vende tudo que tem para comprar aquela terra, por que ali tem um tesouro. Mas tem um detalhe: antes de comprar o tesouro é preciso encontrá-lo.

Foi para isto que Salomão pediu sabedoria para saber o que é provisório daquilo que é eterno.

O final do Evangelho fala de um pai que abandona as coisas velhas sem sentido e fica somente com as novas.

As coisas velhas serviram por um tempo, mas agora se tornaram saudosismos, tempo que não volta mais, por isso, não adianta ficar repetindo: “no meu tempo”. É preciso viver o novo tempo, esse novo, diz Jesus é o Reino dos Céus.

O salmo diz “vossa Palavra dá sabedoria aos pequenos”.

São Paulo diz que tudo concorre para o bem de quem caminha nos caminhos de Deus (2ª leitura).

Jesus diz que sábio é aquele que se torna discípulo do Reino. Isso vale para nós.

É preciso ajudar as pessoas a se direcionarem na busca de um sentido para viver além dos bens-materiais.Ajudar as pessoas a aprender a viver no bem-estar sem deixar de cultivar a vida espiritual.

Ajudar as pessoas a abrir os olhos para a importância da vida interior, a dar significado à existência propondo pequenas metas para realizar numa semana, ou em 15 dias, por exemplo.

Favorecer no Grupo de Reflexão, o espaço onde as pessoas possam desenvolver o discernimento para escolher o que é bom e rejeitar o que é mal, o que é novo, discernindo do antigo.

Se ficarmos nos alimentados de coisas impuras, nossa vida será contaminada pela tristeza e pela raiva; perderá o sentido de viver.

Se ficarmos apegados a coisas velhas, nossa vida será vivida no saudosismo de um tempo que não volta mais.

Para Jesus, nada disso pertence ao Reino dos Céus.

O Reino está entre nós, está em nós e para isso é preciso começar escolhendo viver, porque quem encontra o sentido da vida, encontra o tesouro pelo qual vale a pena vender tudo para tê-lo.

Compreendestes tudo isso? “Sim!”, responderam os discípulos. E nós, compreendemos que o Reino dos céus, a família de Deus é o valor maior?

Se achamos difícil, é só pedir as luzes do Espírito Santo.

                 Elaboração: Pe. Nivaldo Oliveira Souza